quarta-feira, 18 de abril de 2012

Luan Santana conta em entrevista que crucificou sua adolescência



O ídolo sertanejo diz que não se arrepende de ter aberto
 mão da vida pessoal pelo sucesso e, aos 21 anos, 
tem seu próprio jatinho e compra tudo o que quer.
Ele viaja de jatinho particular: 
"Ninguém impõe um limite para eu gastar", diz o cantor.

Luan Santana se define como cantor sertanejo. 
Mas não usa bota nem chapelão. Tem mimo pelo 
cabelo, cuidadosamente arrepiado. Gosta de rock’n’roll –
 e os números que giram em torno dele seriam mesmo dignos 
de um rock star. Desde 2009, quando lançou o primeiro álbum e 
alcançou o sucesso puxado pela grudenta canção “Meteoro”, o músico
 vendeu 1,8 milhão de cópias. Atualmente, roda o País de jatinho particular, 
sobe ao palco pelo menos 20 vezes por mês, cobra até R$ 500 mil por
 apresentação e doou cerca de R$ 2 milhões para 24 instituições de caridade. 
Não é tudo. Luan é patrocinado por quatro empresas e possui 50 produtos 
licenciados em seu nome, de caderno escolar a jeans. Aos 21 anos, o 
sul-mato-grossense filho de um bancário e uma dona de casa acaba de 
lançar o quinto trabalho, “Quando Chega a Noite”. Na entrevista a seguir,
 o jovem cantor milionário passeia pela sua curta, intensa e vitoriosa trajetória.

Você é um sertanejo que não usa chapéu. Por quê?

Para mim, sertanejo tinha de cantar usando bota, calça colada, 
cintão de fivela e camisa de botão. Só que nunca usei chapéu. 
Sempre curti ajeitar o cabelo. Sou vaidoso dentro do limite. 
Gosto bastante de ajeitar o cabelo, tenho uma personal stylist 
que me veste, várias marcas que me mandam roupas, o que eu
 acho bem legal. Mas não sou aquela coisa metrossexual. Tenho 
de estar bem nas fotos por respeito aos fãs.

Como era no começo? 

No começo, minha mãe ia às lojas comprar roupas para mim.
 E eu usava botas emprestadas de amigos, porque um par delas
 custava R$ 2 mil, R$ 5 mil. Mas nunca levei jeito para usar bota, 
eu usava porque cantava sertanejo. Como elas eram dois, 
três números maiores que o meu pé, eu pisava meio estranho 
e um dia eu caí no palco. Aí, parei de usar bota e passei a usar 
tênis, que se f.! Desde então, me apresento assim.

O que gostaria de fazer e não faz por causa da fama?

Andar na calçada normalmente, atravessar uma rua no meio dos 
carros, essas coisas. Ir ao mercado, à padaria também. Mas não
 dá, porque atrapalha o funcionamento do lugar, né?

Vai a banco?

Não. Tenho quem faça isso para mim. Mas consigo ir ao cinema. 
Espero o filme começar e depois, no escuro, eu entro. Preciso 
sempre de uns esqueminhas para fazer as coisas.

Isso não o incomoda?

Foi o que eu escolhi para a minha vida. Sabia desde o começo 
que seria assim. Crucifiquei minha adolescência, mas tudo bem. 
Sempre tive na cabeça o que eu queria. Também não penso se meus 
amigos curtem a juventude mais do que eu. Coloquei na cabeça que 
queria essa vida, consegui alcançar isso e agora dou valor ao que conquistei.
 Não quero voltar no tempo, ter uma vida normal. Abri mão, sim, 
da minha vida pessoal, mas não foi à toa. Muita coisa me faz feliz hoje. 
Sou mais feliz do que muita gente que viveu o que eu não vivi.

Quem administra o seu dinheiro?

Antigamente, o pouco do dinheiro que eu ganhava era o meu pai 
quem administrava. Hoje, tem um escritório que o administra. 
Eu não tenho talão de cheque, mas uso cartão de crédito. 
Ninguém impõe um limite para eu gastar. Tudo o que quero
 eu compro. Mas não sou de fazer loucuras com dinheiro, 
não. Com o dinheiro que ganhei, comprei a casa
 (de 500 m2, avaliada em R$ 2 milhões) onde moro 
com os meus pais, em Londrina; uma chácara, onde
 gosto de andar de jet ski e pescar; e um carro para mim.

O que fez quando ganhou dinheiro pela primeira vez?

Quando ganhei meu primeiro dinheiro cantando, 
comprei um tênis – eu sempre via os meus amigos
 com tênis de marca. Aos 12 anos, em um churrasco beneficente de uma
 igreja, duas duplas cantavam no palco e eu subi para cantar uma música
 do Edson e Hudson. Era a única que minha irmã e minha prima sabiam 
me acompanhar fazendo coreografia. A galera achou bacana um garoto 
cantando afinadinho. Cantei umas dez músicas. Quando terminei, 
o cara que fazia o churrasco me deu R$ 100.

Era fã de cantores sertanejos?

Nunca fui de ficar na porta de hotel esperando os músicos.
 Sempre achei fascinante o mundo dos artistas, chegar
 numa cidade e a galera ovacionando. “Nossa, deve ser 
mágico, um dia quero essa galera toda me querendo”, 
eu pensava. Eu era fã de Zezé di Camargo e Luciano, fui 
a um show deles aos 4 anos, no ombro da minha mãe, e 
a outro, no fim do ano passado.  

Ainda há preconceito contra os sertanejos? 

Não vejo mais preconceito. Hoje, a turma está 
tomando cerveja no posto e ouvindo sertanejo 
com a porta do carro aberta. O sertanejo hoje se 
aproxima do pop, é influenciado pelo pop, ouve muito rock, 
pop, o que acaba tendo reflexo nas músicas. Até o jeito de tocar 
violão é diferente agora. Os solos grudam mais na cabeça, ficam mais 
na memória, são pegajosos. Eu ouço Creed, Nickelback e country americano. 
Via as bandas de rock tocando e pensava: “Por que eu não posso me
 vestir de xadrez, 
arrepiar o cabelo e usar calça colada com tênis?” Eu me considero
 muito responsável 
pela mudança no estilo de vestir do sertanejo.

Você diz preferir centrar a carreira no Brasil. O Michel Teló, 
por sua vez, estourou lá fora com “Ai Se Eu Te Pego”. Como enxerga isso?

O Michel é meu parceiro. No meu primeiro DVD, o chamei para
 cantar comigo. Já fizemos churrasco juntos. O que aconteceu 
com o Michel é muito raro. “Ai Se Eu Te Pego” é como a “Macarena” 
do século passado, é a “Macarena” dos dias atuais. As pessoas nem 
sabem o que a música quer dizer, mas conquistou todo mundo pelo ritmo.
 E o mais legal é que se trata de uma música de língua portuguesa conquistando 
os gringos que falam inglês e espanhol. É algo totalmente raro!
 Tem esportista dançando ao som dela pra tudo quanto é lado.
 Foi muito legal para o Brasil. Isso acontece uma vez a cada 50 anos.

Já teve de conviver com histórias de infidelidade?

Acho que nunca fui traído, não! Agora, trair (sic), 
eu tive três namoradas na vida. Quando estava namorando,
 fui fiel. Mas namorei por pouco tempo, nunca aguentei ficar s
ó com uma pessoa. Um ano foi o meu maior tempo de namoro. 
Eu sou meio ciumento. Quero saber para onde a garota está saindo, 
ógico, e a hora que vai voltar para casa. Mas, antes disso, eu acho 
que a menina que está comprometida comigo não precisa sair demais, 
não. Tá comprometida, então, tem de sair comigo! É ou não é? 
Ou então fica solteira e sai com as amigas, uai! Mas eu quero casar, 
ter a minha família e aquietar.

Existe um tipo de assédio que o incomoda?

Não. Lutei muito para a galera ficar me querendo.
 Batalhei para chegarem em mim e pedirem foto, 
autógrafo. Já aconteceu de rasgarem a minha roupa,
 puxarem o meu cabelo, me arranharem, quebrarem 
vidro de aeroporto. Tudo bem por mim. Cada um tem seu
 jeito de demonstrar carinho, mais agressivo ou não.
 Nessas horas, eu me lembro do show debaixo do pé de 
manga que eu fiz, da gente construindo o palco,
 fã reclamando das formigas que a picavam... Não quero 
voltar a ser o que eu era antes da fama... De jeito nenhum!
 Não quero perder a fama.

Como foi esse show embaixo do pé de manga?

Fizemos uma promoção para algumas fãs viajarem comigo para um show.
 Primeiro, passei uma tarde cantando junto delas na casa de um amigo. 
De noite, fomos para o show, cinco meninas com a gente dentro da van. 
Aí, quando chegamos ao local, começamos a estranhar que o show seria 
no fundo de um bar que tinha uns bêbados caídos na porta. Bom, o show
 era debaixo de um pé de manga, o palco era pequenininho, iluminado por
 uma lâmpada puxada da fiação de uma casa. Havia 30 pessoas na plateia. 
Subi no palco e as fãs ali, debaixo da árvore, em cima de um chão 
de terra batida. Até que uma começa a bater nas pernas para
 espantar as formigas. Essa menina não aguentou e disse: 
“Olha onde você traz a gente! Um lugar cheio de formiga!
 Não vou mais pedir música sua na rádio.” Foi um show que 
não deu muito certo... o cara (contratante) não acertou direito, né? 
Também já fiz show para dez pagantes, em Maringá, em 2008. Ali, eu pensei em
 desistir da carreira.

Como os seus pais se comportavam nesses momentos?  

Meus pais sempre deixaram eu seguir o meu caminho com 
as próprias pernas. Minha mãe ficava preocupada porque eu, 
com 16 anos, já ia para shows, na estrada, vivia na noite,
 sozinho. Vi de perto muita gente usando droga, bebendo até cair.
 Mas eu sempre fui cabeça, soube separar o certo do errado, nunca
 misturei as coisas. Há um ano e pouco, eu estava numa batida 
muito grande, fazia 28 shows por mês. Tinha mês que eu não voltava
 para casa. Eu sentia saudade de amigos, família, porque vivia num
 mesmo mundo, vendo as mesmas pessoas sempre. Por isso e também
 porque tenho uma vida pessoal melhor, este ano estou pisando
 um pouco no freio.

O que é vida pessoal melhor?

Com mais tempo livre. Já fiquei 90 dias sem 
voltar para a casa onde moro com os meus pais,
 em Londrina. Agora, retorno, em média,
 uma vez por semana. Nessas horas livres, amo pegar o
 meu carro e dirigir sozinho. Durmo bastante, vou à 
academia e para a chácara andar de jet ski.

Tem sonho de consumo?

Comprar uma fazenda. Quero ser fazendeiro.

Fonte: Isto é Independente 

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